Alunos: Leonardo da Cruz Silva, Alison Amaral, Felipe Leonel
e Pedro Pinto
Ao assistir os três vídeos em
questão, o documentário Ao Sul da Fronteira, realizado pelo diretor Oliver
Stone e as entrevistas que Fernando Henrique Cardoso e o engenheiro Demi Getschko
ao programa Roda Viva, podemos notar algumas temáticas em comum entre eles,
além de falarem sobre a mídia, todos de certa maneira abordam o tema de
liberdade. Liberdade de expressão na internet, de se livrar das amarras
impostas por um país que insiste em transformar outros em seus fantoches e a
liberdade de pensar grande e almejar novos horizontes para o país, temas esses
que se misturam ao analisar todas como algo homogêneo.
A entrevista de Demi Getschko fala
do futuro da internet no Brasil e discute assuntos do presente. Ao abordar uma legislação
de internet apontou pontos interessantes, ao citar que para a maioria dos
crimes que ocorrem na internet já existe legislação, o que falta é uma maneira
eficaz de colocar essas leis em ordem, em suma, criar uma legislação sobre o
tema seria se repetir, o que é necessário é saber como se defender e proceder
em relação a esses problemas. Quando o tema da censura é abordado, ele se
mostra incrédulo quanto a isso, já que a internet, meio constantemente mutável
e dinâmico que é, arruma suas próprias maneiras de se livrar de qualquer amarra
imposta, tudo que basta é conhecimento e vontade. Podemos fazer uma relação com
o atual rebuliço que o caso SOPA/PIPA ocasionou. Estas eram medidas que pretendiam
controlar o conteúdo da web que foram prontamente rechaçadas tanto por figuras
notórias do meio como Mark Zuckerberg, criador do Facebook, quanto pela
esmagadora maioria de usuários da internet. Ele foca que o necessário é
arranjar maneiras de se adaptar ao choque que o compartilhamento de conteúdo
causou na rede, visão esta que no ano de 2009 ainda era nebulosa que acabou se
concretizando com empresas investindo cada vez mais no mercado de vendas digitais,
medida que vem se mostrando eficiente.
Colocado diante da questão do fim
dos jornais e eventual migração dos mesmos para versões online, ele trata o
tema com bom-humor, e faz uma questão interessante ao perguntar se deveríamos
pensar em salvar os jornais ou os bons jornalistas, continuarão estes a serem
influentes na rede quanto são na versão convencional? Estamos diante de um meio
que depende totalmente da escolha do usuário, que decide aquilo que ele deseja
ler no momento, livre do conteúdo imposto pela redação de jornal. Podemos dizer
que se antes os editores que decidiam aquilo que o público desejava ler, hoje
quem decide as suas pautas é o clique do internauta.
Mais uma vez fazendo a comparação
da época com hoje em dia, Getschko mesmo se mostrando relutante em fazer
previsões para o futuro, acabou acertando em algumas e errando em outras, por
exemplo, ao citar os celulares como aparelhos impróprios para o uso da rede, dizendo
que eles não possuem a eficiência necessária para serem usados por um usuário
comum já que são dispositivos pensados apenas na conexão orelha/boca. A
revolução que foi os celulares operados totalmente por telas de toque e os
tablets mostraram que a indústria arrumou sua maneira de contornar esse inconveniente,
criando interfaces que a cada dia são mais intuitivas que privilegiam a
navegação pela rede, medida que só incentiva a migração dos jornais para estes
dispositivos ao invés das bancas de revistas.
Por fim, quando o assunto são as
redes sociais e a dimensão que estas tomaram, ele ressalta que aos poucos as
pessoas irão aprender a usa-las de maneira eficiente ao não expor conteúdo
pessoal ou impróprio nas mesmas, uma espécie de método de tentativa e erro que
se mostra necessário ao usuário de tais meios.
Já o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso focou sua entrevista em assuntos como economia, Venezuela e
Mercosul, e até a então recente primeira eleição do presidente estadunidense
Barack Obama. Ao falar de economia e da crise que corria na época, ele diz que
o Brasil estaria preparado para enfrentar as dificuldades, mas que deveria
estar atento ao que viria pela frente, ressaltando, por exemplo, que o país
pouco fez acordos comerciais desde a sua época, quando realizou um tratado de
comércio com o México. Ao citar a Venezuela e o desejo de uma unidade política
na América do Sul, ele se mostra um tanto quando incrédulo ao falar que a mesma
se encontra cada vez mais dividida politicamente, entre “Chavistas” e
partidários de direita. Ele continua a falar da Venezuela quando é abordado o
tema da inclusão desse país no Mercosul. FHC se mostra favorável a sua
inclusão, desde que cumpra as clausulas presentes no tratado, ressaltando que
este não deve tomar as dimensões de um palanque político, mas de um grupo que
possui seu próprio regulamento independente dos alinhamentos de cada um de seus
membros.
Ao falar de Barack Obama
o ex-presidente é otimista, ressaltando que sua entrada dá espaço para
renovação nos Estados Unidos, também destaca alguns pontos que ele vê como
necessários para que o governo do então novo presidente seja efetivo, como
promover boas relações com a China e com os países do Oriente Médio.
O terceiro vídeo analisado é o
documentário Ao Sul da Fronteira, do renomado diretor Oliver Stone, famoso por
fazer filmes políticos que invocam polêmica, agora o cineasta lança o seu olhar
para os países da América do Sul, constantemente ignorados ou vistos de maneira
errada pelos estadunidenses.
Ele começa entrevistando aquele
que é o maior símbolo dos novos governos de esquerda da América Latina, Hugo
Chavez. Mostra um vídeo da rede americana Fox News, aonde uma comentarista
comete uma gafe ao trocar o nome de uma droga. Ao nos deixar ver a reação de
todos no recinto, rindo da situação, o diretor quer demonstrar que essa parte
da mídia pouco se importa com o que está falando, eles apenas querem mostrar
Chavez, ou qualquer outro líder da região que não seja condizente com o seu
país, como ditadores desumanos, sem responsabilidade com o que é veiculado.
Depois, mostra detalhes do
processo que levou o presidente venezuelano ao poder, contrastando com a imagem
de um Chavez simpático, amado pelo povo, simples e trabalhador, sempre
transpirando, ao contrário dos já manjados políticos engravatados em suas salas
com ar-condicionado. Enfim, ele tenta mostrar que o presidente é um ser humano,
e não o demônio que a mídia americana aparentemente pinta. Por exemplo, temos a
cena em que Chavez anda de bicicleta no gramado da casa que passou a sua
infância e acaba caindo da mesma, logo após se levantando tranquilamente, aos
risos, quase que em uma metáfora não intencional do golpe (que teve
participação dos Estados Unidos) que o tirou do poder e logo depois foi rechaçado,
com apoio massivo da população, levando-o de volta ao poder.
E Stone faz isso com a maioria
dos líderes de esquerda da América Latina e em especial Raul Castro, de Cuba.
Evo Moralez, Christina Kitchner, Lula etc. Todos deixando bem claras as suas
intenções de serem independentes. Grandes por si só, longe das amarras impostas
pelos países ditos poderosos.
É um documentário bem feito,
pertinente, que coloca para o norte-americano uma visão diferente dos países ao
sul de sua fronteira daquela dada pelos seus veículos midiáticos, mas deve ser
visto com parcimônia, ainda mais por aqueles que trabalham na área de
comunicação. Oliver Stone é um gênio do cinema e sabe como fazer impor a sua
vontade, fazendo com que certas situações pareçam planejadas até demais. O que
se deve dizer é que no mínimo, é um documentário feito por alguém que realmente
tem vontade de mandar uma mensagem relevante, queira quem for recebê-la goste
ou não.