Esther Hamburger é professora
de Comunicação e Artes da USP e crítica de TV. Além de antropóloga, colunista
do Jornal Folha de São Paulo e editora da Revista Trópico.
“As pessoas
estão interessadas em crescer intelectualmente e vão prestigiar uma programação
que as desafie nesse sentido.”
“Acredito que
deveria haver uma disciplina obrigatória no currículo escolar que visasse algo
como uma ‘alfabetização audiovisual’ e que incluísse teoria e prática.”
No Brasil, os
televisores tiveram grande difusão. Em pouco tempo, a TV chegou a muitas
regiões do país, até nos lugares mais longínquos e precários, como na zona
rural e nas favelas. Com a grande disseminação da TV, vieram as oportunidades
de se eliminar obstáculos sociais e geográficos. As informações e o
entretenimento, por exemplo, passaram a chegar a domicílios de pessoas mais
pobres e excluídas socialmente. A TV deixou de ser restrita a um pequeno grupo
de indivíduos privilegiados: intelectuais, ricos, entre outros. Pessoas de
diferentes sexos, regiões, gerações e classes sociais começavam a poder se
posicionar e se situar uma em relação às outras.
Apesar dos
pontos positivos, a TV naquela época e hoje ainda apresenta aspectos negativos.
A super-representação de brancos em relação a negros transmitida em novelas ou
até mesmo em programas fomentou e ainda fomenta a discriminação racial.
Em 1950, Assis
Chateubriand (jornalista, empresário e político) inaugurou a extinta TV Tupi na
cidade de São Paulo. Posteriormente, foi criada as Emissoras Associadas com
filiais da Tupi em vários estados do país. Fato que ajudou a emissora a ganhar
mais popularidade ainda.
Nasciam na
mesma época outras emissoras. Em 1952 a TV Paulista, em 1953 a Record, em 1954
a TV Rio, em 1956 a TV Italacomi de Belo Horizonte.
Os símbolos
de algumas emissoras eram bem conhecidos e tinham todo um significado. O da tupi
era a figura de um índio com antes na cabeça. Representava quem está pronto
para receber informações, entrar numa nova era de comunicação, sem ter medo de
ser engolido pelas novidades. Já o da
Rede Globo remetia à globalização, à figura de quem está apto a receber e
transmitir imagens para o mundo todo.
Dentro da
programação das TVs, as telenovelas eram o que havia de mais popular, era
aquilo que o público mais tinha aceitação e identificação. Por conta disso, elas
tiveram e ainda têm muito poder influenciador. Seja para disseminar novas modas
e estilos, colocar em pauta assuntos polêmicos. O êxodo rural também foi
influenciado pelos folhetins, além da diminuição do número de filhos por
família, o aumento do mercado de consumo e mais. As novelas sempre estiveram
num plano futuro, exibindo e levando os telespectadores para aquilo que ainda
estava por vir.
Na novela
Vale Tudo transmitida em 1988 pela Rede Globo teve em uma de suas últimas
cenas, um empresário corrupto que fugia do país sem ser punido. Situação que se
repetiria por muitas vezes na vida real, dentro principalmente do nosso cenário
político.
Nos anos 80,
um acordo entre Embratel, Globo e Bandeirantes permitiu com que os sinais das
Tvs fossem captados por todo o Brasil, através de antenas parabólicas.
Consequentemente, houve o crescimento na indústria de parabólicas. O sucesso
das telenovelas era tanto que em 83 apenas 23% da programação era importada.
Na década de
90, entretanto, a disputa por audiência entre as TVs de canal aberto e o
nascimento da TV a cabo ocasionaram a queda de audiência das telenovelas.
Mais tarde,
elas voltaram a ter muito sucesso e grande audiência. Muitas das novelas foram
transmitidas em diversos países. Tanto que a Rede Globo passou a ser apontada
como ameaçadora da identidade cultural, da heterogeneidade dos povos.
Grupo: Agnes Nunes, Bruna Diniz e Shirlley Lopes
Grupo: Agnes Nunes, Bruna Diniz e Shirlley Lopes
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