quarta-feira, 31 de outubro de 2012

DILUINDO FRONTEIRAS: A TELEVISÃO E AS NOVELAS NO COTIDIANO (PARTE 2)


            
                     Das remotas dunas de Agadir à contemporânea selva carioca

  As novelas surgiram praticamente junto com a TV no Brasil, mas só conquistaram audiência significativa entre as décadas de 60 e 70, quando a Rede Globo começou a investir nelas, não só como propaganda, mas como forma de entretenimento. Anteriormente a isso, as novelas eram inspiradas nas soap operas norte americanas que eram propagandas destinadas às donas de casa.
  No início, as novelas eram transmitidas apenas duas vezes por semana devido a falta de interesse, e foi a partir de 1962 que elas passaram a ser transmitidas diariamente, mas ainda eram “importadas”  de outros países da América do Sul. Os escritores brasileiros tinham apenas o trabalho de fazer adaptações da obra para a realidade do país.
  Foi com a chegada de Glória Magadan na globo que isso mudou. Ela era escritora de radionovelas, cubana, contratada da Colgate- Palmolive e Gessy Lever, e até então trabalhava fazendo as novelas da TV Tupi.
  As primeiras novelas eram gravadas sempre em ambientes fechados, e era usada uma linguagem formal. Foi em 1968, quando a TV Tupi transmitiu a novela Beto Rockefeller que isso mudou. A novela explorava ambientes abertos e a sua linguagem era coloquial, descontraída. As novelas, a partir de então, foram trazidas para o universo contemporâneo das cidades grandes brasileiras.
  Foi inspirado nessas inovações trazidas pela TV Tupi que a Rede Globo produziu, em 1969, a novela Véu de Noiva. Nesse mesmo ano, a emissora também fez a primeira transmissão do Jornal Nacional, programa esse que garantiu recordes de audiência desde sua criação. O JN foi o primeiro programa que tinha transmissão simultânea no Brasil inteiro, sendo que seu sinal chegava nas partes mais remotas do país, onde ainda não existia a energia elétrica.
  A Rede Globo desde sua primeira novela genuinamente brasileira firmou um compromisso de sempre se inovar, sendo que a cada nova novela produzida, deveria haver uma novidade, algo que não tinha em nenhuma das anteriores. Sempre tentando alcançar a modernidade, as novelas faziam e fazem até hoje merchandising, não só de caráter consumista, mas também divulgam trabalhos de ONGs, sendo esse o merchandising social. Isso tudo pra mostrar “o Brasil que se moderniza”.
  Além disso, as novelas tem um certo caráter social que busca discutir assunto que estiverem em voga na época da exibição. Elas, por exemplo, mostraram a evolução da mulher diante à sociedade.
  Juntando o caráter das novelas, a discussão dos tabus, a modernização do Brasil e ainda tendo espaço pra romance e, às vezes, humor, pode-se dizer que a Rede Globo tem a receita perfeita de fazer novelas e, por isso, elas constituem o “principal produto” da emissora, produto esse que influencia na vida dos telespectadores de forma positiva ou não.

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