terça-feira, 20 de novembro de 2012

SEMINÁRIO 6

A CIDADE JARDIM E SUAS ERVAS DANINHAS

“As cidades, como nos sonhos, são construídas por desejos e medos, ainda que o fio condutor de ser discurso seja secreto, que as suas regras sejam absurdas, as suas perspectivas enganosas e que todas as coisas escondem uma outra coisa.”
A cidade planejada

- Para entender o universo da prostituição em Londrina é necessário entender o processo de formação da cidade.
- Vazios demográficos
- Crise da super-produção, baixa dos preços do café
- Primeira Guerra Mundial; Crise econômica - descapitalização dos fazendeiros
- Companhia de Terras Norte do Paraná [CTNP]
- Semelhança com as cidades-jardim da Europa
- Crescimento urbano acelerado e desordenado
- Primeiras construções
O marketing da Nova Canaã

- Londrina: 'Terra da promissão', 'Nova Canaã', terra do trabalho, da ordem e do progresso, onde se enriquece da noite para o dia
- Propaganda: jornais do país e do exterior - vendedores pelo país e exterior
- Filmes e rádios para atingir aos analfabetos
- Surgimento de uma vila
- Município - 3 de dezembro de 1934
  Comarca - 1938
- Primeira eleição: prefeito Willie da Fonseca Brabazon Davids (diretor técnico da CTNP)
- Jornal Paraná Norte
- Dúvidas: ausência de vioência, cidade não estava de braços abertos à todos, construção de mensagens que alertavam a comunidade sobre os futuros habitantes – jornal era financiado pela Cia. de Terras
- Crescimento populacional


Outros odores invadem o jardim

- Esse processo de crescimento populacional teve um custo social muito alto
- Logo nos primeiros anos, todos os lotes nas quadras centrais foram vendidos e ocupados
- Expansão de forma desordenada
  -> Especulação imobiliária
- Tranquilidade X insegurança
  -> "boca de sertão"
- Chegada diária e crescente de migrantes
  -> o crescimento do número de postos de trabalho não foi proporcional, tanto no campo como na cidade
- Poder público prepara espaços visando acolher e isolar, através do policiamento
- Filantropia: projetos de leis elaborados por vereadores
- Os vereadores estavam mais preocupados com a prática de serviços filantrópicos do que solucionar de verdade os problemas
- Filantropia em caráter seletivo: "ervas daninhas" -> trabalhadores e marginais
- Cobranças através da imprensa
- Tentando manter o controle, o poder público procurou normatizar a ocupação do espaço urbano, tanto física quanto socialmente
  -> loteamentos populares
- Falta de uma legislação condizente com a nova realidade, aliada à falta de recursos financeiros
- Primeira tentativa: proibir loteamentos das adjacências da cidade = loteamentos clandestinos
- Criação das Leis n 133; n 218: Regime Tributário e Código de obras 
- Necessidade de se ordenas e distribuir os espaços: alocar a pobreza de áreas distantes das nobres
- Pressão da imprensa: fechamento de locais suspeitos
- Tripé institucional: Prefeitura, Saúde Pública e a Polícia de Costumes
- Batidas: reprimir determinados estabelecimentos - 'rotulados de bares, restaurantes e hotéis, não passa[vam] de antros de libertinagem da pior espécie'
- Proibida e presença de mendigos e ambulantes, alem de outras atividades ilícitas na Estação Rodoviária
- Controle de divertimentos públicos (banhos nos rios, córregos e lagos)

A modernidade invade o sertão

1950 – Londrina é considerada a “capital mundial do café
-  O discurso de cidade moderna, contagia as elites locais que passam a investir na infraestrutura
 Arquitetura moderna e verticalização da cidade
- Revolução arquitetônica: Av. Higienópolis
 – cidade da higiene fica popularmente conhecida como “lágrimas de lavrador” devido à ocupação dos grandes cafeicultores
 João Batista Villanova: 
Estação Rodoviária (Museu de Arte de Londrina)

Edifício Autolon

Cine Teatro Ouro Verde

Casa da Criança (Secretaria Municipal da Cultura)
- Os automóveis conquistaram espaço- A eliminação de pontos de carroças e charretes nas ruas centraus da cidade, motivou protestos na Câmara Municipa
l- “Aquela sonhada cidade jardim já não mais conseguia esconder duas ervas daninhas”
 “Ervas daninhas”: atividades ilícitas, prostituição, jogatina, roubos, etc- Prostituição causada pelo crescimento de marginalidade e processos de exclusão social e espacial
Autoridades locais fazem campanhas moralistas a fim de isolar as práticas ilícitas Poder público: repressão e vigilância
1960 – Crise na produção de café: queda de preços devido à superprodução e geadas- “Com a drástica diminuição de postos de trabalho na zona rural, milhares de trabalhadores buscara, refúgio nas cidades...”
- Mecanização do campo: êxodo rural
- “A crise no campo refletiu nas cidades, as quais não tiveram condições de absorver a mão de obra expulsa do campo, dando à formação de inúmeras favelas
1970 -1980 Crescimento demográfico- Pólo regional na área de serviços
1990 – Consolidou-se como a 2ª maior cidade paranaense e a 3ª do sul do país

Os guetos da prostituição
- CTNP – primeira planta da cidade que deveria perdurar por algumas décadas
- Expansão da malha urbana abria espaço para mulheres suspeitas na região central, durante o dia
- Vila Matos

A truculência policial
- Críticas à atuação policial- “Cosme e Damião” Esperança de que a cidade fosse higienizada- Denúncias de envolvimento de policiais com atividades ilícitas
- 1948 – JORNAL PARANÁ NORTE - As críticas não eram reservadas apenas aos delegados- A população encontrou na imprensa um canal para denunciar e cobrar providências das autoridades responsáveis
- A imprensa só se indignava quando o excesso de autoridade policial atingia a classe média e a alta da cidade
 “O maior problema para a polícia, estava quando da abordagem das ruas, nas costumeiras revistas, ao invés de malandros, vagabundos ou cafetões, os policiais acabavam abordando advogados, médicos, jornalistas e até mesmo juízes
Porém, de todas as práticas ilícitas a prostituição foi a que mais incomodou. Pois tratou-se de reprimir uma prática que apesar de contra a moralidade publicam não era criminalizada pelo Código Pena
l As diversas campanhas eram lideradas pela imprensa e envolvia instituições de poder locais, como o judiciário, o legislativo e a Igreja


Luiza Callado, Maria Eugenia Forigo e Samara Garcia



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