O jornalismo atual vive uma
crise: a reprodução desenfreada de imagens, as notícias e reportagens cada vez
mais enxutas, muitas vezes sem criatividade e manipuladas, dominam as
prateleiras das bancas de jornal e a Internet.
Não é de hoje que a imprensa
reproduz o discurso de grupos dominantes. Na história da imprensa brasileira os
interesses políticos e financeiros guiaram as redações para rumos errôneos, que
feriram a ética do jornalismo.
Nas décadas de 50 e 60 o
jornal impresso obteve recordes de popularidade. Jornais como o Diário Carioca,
o primeiro a introduzir o lead no
país, se influenciaram com técnicas do jornalismo norte-americano, agilizando o
trabalho dos jornalistas. Hoje muitos jornais fecham as portas, seja pela má qualidade, pela falta de estrututa, falta de interesse do leitor ou que não conseguiram acompanhar a Era digital.
Um bom exemplo de imprensa
preocupada com a atualidade é o da revista Realidade, lançada pela Editora
Abril em 1966. A Realidade foi um divisor de águas na imprensa brasileira. A
revista apresentava características
inovadoras para a época, com matérias em primeira pessoa e fotos que deixavam
perceber a existência do fotógrafo. Destacou-se também por suas grandes
reportagens, permitindo que o repórter 'vivesse' a matéria, características do new journalism.
Seus
jornalistas contestavam à ordem autoritária vigente na época, a Ditadura
Militar. A revista fixou um profundo vínculo com o social, estabelecendo com o
seu público os significados de uma época. Mas com o passar do tempo atrelada a repressão do governo cada vez mais intenso, a Realidade foi perdendo sua inovação até 1976, quando parou de circular.
Hoje,
que tipo de revista ou jornal se preocupa com o presente? Talvez a que consiga
chega mais perto é a Piauí, pelo fato do uso do jornalismo literário, dando um
teor ficcional às reportagens, além da dedicação de vários aspectos a cultura
brasileira. Mesmo assim, não há uma imprensa que abra espaço para a liberdade,
otimizando uma nova maneira de transformação.
Falam
muito da Veja, com o velho discurso clichê de sempre, a revista pró PSDB, mas e
a Carta Capital, não seria pró PT? As duas se enquadram na mesma categoria, a
dos interesses políticos.
Desse
modo, devemos rediscutir a ética, o compromisso social e a vulnerabilidade do
jornalismo. É necessário o entendimento do homem contemporâneo, para enfim
propormos uma imprensa que informe e denuncie sem vínculos de oportunismo,
levando ao leitor uma reflexão. Seria utópico? Quem sabe, não custa tentar.
Para completar, vejam o vídeo do jornalista e crítico brasileiro Eugênio Bucci, sobre ética e Era Digital:
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