quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Resenha: Entrevista com Getschko-FHC e documentário Ao Sul da Fronteira


Alunos: Leonardo da Cruz Silva, Alison Amaral, Felipe Leonel e Pedro Pinto

Ao assistir os três vídeos em questão, o documentário Ao Sul da Fronteira, realizado pelo diretor Oliver Stone e as entrevistas que Fernando Henrique Cardoso e o engenheiro Demi Getschko ao programa Roda Viva, podemos notar algumas temáticas em comum entre eles, além de falarem sobre a mídia, todos de certa maneira abordam o tema de liberdade. Liberdade de expressão na internet, de se livrar das amarras impostas por um país que insiste em transformar outros em seus fantoches e a liberdade de pensar grande e almejar novos horizontes para o país, temas esses que se misturam ao analisar todas como algo homogêneo.

A entrevista de Demi Getschko fala do futuro da internet no Brasil e discute assuntos do presente. Ao abordar uma legislação de internet apontou pontos interessantes, ao citar que para a maioria dos crimes que ocorrem na internet já existe legislação, o que falta é uma maneira eficaz de colocar essas leis em ordem, em suma, criar uma legislação sobre o tema seria se repetir, o que é necessário é saber como se defender e proceder em relação a esses problemas. Quando o tema da censura é abordado, ele se mostra incrédulo quanto a isso, já que a internet, meio constantemente mutável e dinâmico que é, arruma suas próprias maneiras de se livrar de qualquer amarra imposta, tudo que basta é conhecimento e vontade. Podemos fazer uma relação com o atual rebuliço que o caso SOPA/PIPA ocasionou. Estas eram medidas que pretendiam controlar o conteúdo da web que foram prontamente rechaçadas tanto por figuras notórias do meio como Mark Zuckerberg, criador do Facebook, quanto pela esmagadora maioria de usuários da internet. Ele foca que o necessário é arranjar maneiras de se adaptar ao choque que o compartilhamento de conteúdo causou na rede, visão esta que no ano de 2009 ainda era nebulosa que acabou se concretizando com empresas investindo cada vez mais no mercado de vendas digitais, medida que vem se mostrando eficiente.

Colocado diante da questão do fim dos jornais e eventual migração dos mesmos para versões online, ele trata o tema com bom-humor, e faz uma questão interessante ao perguntar se deveríamos pensar em salvar os jornais ou os bons jornalistas, continuarão estes a serem influentes na rede quanto são na versão convencional? Estamos diante de um meio que depende totalmente da escolha do usuário, que decide aquilo que ele deseja ler no momento, livre do conteúdo imposto pela redação de jornal. Podemos dizer que se antes os editores que decidiam aquilo que o público desejava ler, hoje quem decide as suas pautas é o clique do internauta.

Mais uma vez fazendo a comparação da época com hoje em dia, Getschko mesmo se mostrando relutante em fazer previsões para o futuro, acabou acertando em algumas e errando em outras, por exemplo, ao citar os celulares como aparelhos impróprios para o uso da rede, dizendo que eles não possuem a eficiência necessária para serem usados por um usuário comum já que são dispositivos pensados apenas na conexão orelha/boca. A revolução que foi os celulares operados totalmente por telas de toque e os tablets mostraram que a indústria arrumou sua maneira de contornar esse inconveniente, criando interfaces que a cada dia são mais intuitivas que privilegiam a navegação pela rede, medida que só incentiva a migração dos jornais para estes dispositivos ao invés das bancas de revistas.

Por fim, quando o assunto são as redes sociais e a dimensão que estas tomaram, ele ressalta que aos poucos as pessoas irão aprender a usa-las de maneira eficiente ao não expor conteúdo pessoal ou impróprio nas mesmas, uma espécie de método de tentativa e erro que se mostra necessário ao usuário de tais meios.

Já o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso focou sua entrevista em assuntos como economia, Venezuela e Mercosul, e até a então recente primeira eleição do presidente estadunidense Barack Obama. Ao falar de economia e da crise que corria na época, ele diz que o Brasil estaria preparado para enfrentar as dificuldades, mas que deveria estar atento ao que viria pela frente, ressaltando, por exemplo, que o país pouco fez acordos comerciais desde a sua época, quando realizou um tratado de comércio com o México. Ao citar a Venezuela e o desejo de uma unidade política na América do Sul, ele se mostra um tanto quando incrédulo ao falar que a mesma se encontra cada vez mais dividida politicamente, entre “Chavistas” e partidários de direita. Ele continua a falar da Venezuela quando é abordado o tema da inclusão desse país no Mercosul. FHC se mostra favorável a sua inclusão, desde que cumpra as clausulas presentes no tratado, ressaltando que este não deve tomar as dimensões de um palanque político, mas de um grupo que possui seu próprio regulamento independente dos alinhamentos de cada um de seus membros.

Ao falar de Barack Obama o ex-presidente é otimista, ressaltando que sua entrada dá espaço para renovação nos Estados Unidos, também destaca alguns pontos que ele vê como necessários para que o governo do então novo presidente seja efetivo, como promover boas relações com a China e com os países do Oriente Médio.

O terceiro vídeo analisado é o documentário Ao Sul da Fronteira, do renomado diretor Oliver Stone, famoso por fazer filmes políticos que invocam polêmica, agora o cineasta lança o seu olhar para os países da América do Sul, constantemente ignorados ou vistos de maneira errada pelos estadunidenses.
Ele começa entrevistando aquele que é o maior símbolo dos novos governos de esquerda da América Latina, Hugo Chavez. Mostra um vídeo da rede americana Fox News, aonde uma comentarista comete uma gafe ao trocar o nome de uma droga. Ao nos deixar ver a reação de todos no recinto, rindo da situação, o diretor quer demonstrar que essa parte da mídia pouco se importa com o que está falando, eles apenas querem mostrar Chavez, ou qualquer outro líder da região que não seja condizente com o seu país, como ditadores desumanos, sem responsabilidade com o que é veiculado.

Depois, mostra detalhes do processo que levou o presidente venezuelano ao poder, contrastando com a imagem de um Chavez simpático, amado pelo povo, simples e trabalhador, sempre transpirando, ao contrário dos já manjados políticos engravatados em suas salas com ar-condicionado. Enfim, ele tenta mostrar que o presidente é um ser humano, e não o demônio que a mídia americana aparentemente pinta. Por exemplo, temos a cena em que Chavez anda de bicicleta no gramado da casa que passou a sua infância e acaba caindo da mesma, logo após se levantando tranquilamente, aos risos, quase que em uma metáfora não intencional do golpe (que teve participação dos Estados Unidos) que o tirou do poder e logo depois foi rechaçado, com apoio massivo da população, levando-o de volta ao poder.

E Stone faz isso com a maioria dos líderes de esquerda da América Latina e em especial Raul Castro, de Cuba. Evo Moralez, Christina Kitchner, Lula etc. Todos deixando bem claras as suas intenções de serem independentes. Grandes por si só, longe das amarras impostas pelos países ditos poderosos.

É um documentário bem feito, pertinente, que coloca para o norte-americano uma visão diferente dos países ao sul de sua fronteira daquela dada pelos seus veículos midiáticos, mas deve ser visto com parcimônia, ainda mais por aqueles que trabalham na área de comunicação. Oliver Stone é um gênio do cinema e sabe como fazer impor a sua vontade, fazendo com que certas situações pareçam planejadas até demais. O que se deve dizer é que no mínimo, é um documentário feito por alguém que realmente tem vontade de mandar uma mensagem relevante, queira quem for recebê-la goste ou não.

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