terça-feira, 20 de novembro de 2012

Resenha sobre os documentarios dos índios do Alto Xingu

 Alunos: Barbara Blanco, Julio Maciel e Luiza Bellotto





Maricá Kuikuro e Takumã Kuikuro são dois índios do Parque Indígena do Xingu, que foi criado em 1961 pelo então presidente brasileiro Jânio Quadros. Trata-se de zona plana situada ao norte do estado de Mato Grosso. Seus principais idealizadores foram os irmãos Villas Bôas, mas quem redigiu o projeto foi o antropólogo e então funcionário do Serviço de Proteção aos Índios, Darcy Ribeiro. No Parque predominam as matas altas entremeadas de cerrados e campos, e claro, para dar nome ao conjunto de aldeias, é cortada pelos formadores do rio Xingu. Em 2004, esses dois índios, participando de uma oficina de vídeo, parte do projeto Vídeo na Aldeia (http://www.videonasaldeias.org.br/2009/video.php?c=35), presenciam um eclipse, e em meio à tal espetáculo da natureza, resolvem produzir imagens a fim de montarem um documentário, e conseguem. Chama-se “O dia em que a Lua menstruou (Nguné Elü)”, ganhador de vários prêmios, sendo o mais lembrado o  Prêmio Chico Mendes de melhor documentário no Cine Amazônia 2004. No Alto Xingu, quando ocorre um eclipse, tudo muda. Os animais se transformam e os “bichos espíritos” dançam, cantam e vomitam para eliminar as impurezas, sendo imitados pelos homens. Os índios Kuikuro acreditam que é preciso acordar os objetos e tudo o mais, para que continuem funcionando como sempre. A Lua é considerada homem, mas no dia do eclipse, transforma-se em mulher e menstrua. A crença por trás das filmagens é tradição e o povo dessa aldeia a segue à risca. Índias, ao menstruarem, não trabalham, e índios, no eclipse, lutam.  Desde crianças são ensinados dessa maneira, contribuindo para manter a identidade cultural indígena brasileira, que ainda é muito forte.  É muito interessante ver como os índios se organizam para contar essa história: atuam, brincam, esquecem das câmeras, divertem-se, enfim, preservam com cuidado e zelo as tradições orais.
No início, a filosofia aplicada pelos Villas Bôas visava proteger o índio do contato com a cultura dos grandes centros urbanos. Na época, por exemplo, não era permitido nem usar chinelos ou andar de bicicleta, para que nada mudasse no cotidiano da comunidade. Este é um site com fotos do dia-a-dia dos índios, com informações extras sobre o Parque: http://www.brasiloeste.com.br/galerias/xingu/. E este, um site mais abrangente, sobre os povos indígenas no Brasil: http://pib.socioambiental.org/pt/povo/kamaiura/311.
Atualmente, vivem na área do Xingu, aproximadamente, 5 500 índios de quatorze etnias diferentes pertencentes às quatro grandes famílias linguísticas indígenas do Brasil: caribe, aruaque, macrotupi e macrojê. Centros de estudo, inclusive a UNESCO, consideram essa área como sendo o mais belo mosaico linguístico puro do país, lugar sagrado para se manter viva uma história, onde tribos diferentes dividem o mesmo espaço e a vontade em continuarem fiéis às suas raízes. Entretanto, paradoxalmente, produzem vídeos belíssimos, mas deixam questionamentos: Até qual ponto esse vínculo com os meios eletrônicos é aceitável? Esse contato deveria existir? Se não fossem as associações de apoio, será que os índios se corromperiam por si mesmos?
         Outro documentário produzido pelos índios é o Cheiro de Pequi (Imbé Gikegü), de 2006. Com o final da seca no Alto Xingu, para os índios Kuikuro é tempo de festa. Com uma história de amor, sexo e traição, o cheiro do pequi mistura-se com o cheiro da umidade do solo. O documentário narra a história do pequi, explicando o motivo de ele ser considerado sagrado. Segundo a lenda, o pequizeiro surgiu das cinzas de um jacaré, enterradas por suas amantes que o queimaram, após ter sido morto pelo marido delas. Em um lugar onde a natureza mistura-se com a aldeia, é bom saber que a cultura indígena ainda é preservada em algumas aldeias do Brasil. Mesmo com a contradição que a tecnologia propõe ao serem filmados os curtas do projeto, os rituais dessa população permanecem vivos e fortes. Para concluir, uma curiosidade sobre as mulheres da tribo Kamayurá e suas tradições: http://www.youtube.com/watch?v=VXYwLLjdeck, vale a pena conferir.

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