terça-feira, 20 de novembro de 2012

Resenha - Documentário "Ao Sul da Fronteira" e do Programa Roda Viva FHC-DEMI GETSCHKO

Grupo 2: Anderson Camargo, Christian Silvano e Marco Antonio - 1 º Ano Jornalismo Noturno - UEL


"AO SUL DA FRONTEIRA”

Em “Ao Sul da Fronteira”, o jornalista e diretor norte-americano Oliver Stone percorre sete países da América Latina para ouvir, de seus próprios presidentes, suas percepções sobre o fenômeno político do começo do século: o surgimento de governos esquerdistas na América do Sul. Além de entrevistar os presidentes dos países esquerdistas, Stone nos mostra como a mídia norte-americana noticia os acontecimentos sul americanos. Seguindo o então presidente George W. Bush, os meios de comunicação passam aos estadunidenses a visão unilateral e extremista de um governo preocupado com essa forma de política em seu “quintal”.

Hugo Chávez, presidente da Venezuela, é o que ganha mais destaque no documentário. Visto como um homem forte por Oliver, ele é mostrado pela imprensa dos Estados Unidos como um ditador que precisa ser combatido. Além de também ser considerado ditador, o presidente da Bolívia, Evo Morales, é mostrado pelos noticiários como viciado em drogas. Já a família Kirchner na Argentina é tratada como “gangue”, muito provavelmente em represália ao fato do país tentar manter-se dependente de dinheiro estrangeiro, o que justifica sua briga com o FMI. No Brasil, Oliver ouve o então presidente Lula que é resumido pela mídia norte-americana como um “trabalhador esquerdista”. Politicamente mais centrado, Lula não é visto como uma ameaça pelos americanos.


De forma rara de se ver, Oliver Stone proporciona aos estadunidenses e ao mundo todo, uma nova visão sobre a política da América do Sul. A visão de quem está “em baixo”.  Ao final do documentário, o diretor expressa sua amigável impressão dos presidentes e condena o capitalismo predatório de seu país. A vitória de Barack Obama também é relatada, significando a esperança de um novo jeito de se relacionar com os países esquerdistas. O que fica claro em “Ao Sul da Fronteira” é a visão única da mídia dos Estados Unidos, que não conhece a fundo a história dos países e de seus governantes. Desse modo, mostram ao mundo a visão estereotipada de uma realidade de mil faces.

RODA VIVA

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO (2009)


Transmitido pela TV Cultura, o programa Roda Viva em março de 2009, contou com a participação do sociólogo e ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso. Intelectual de renome é associado principalmente à implantação do Plano Real, responsável pela diminuição das altas taxas inflacionárias e o fortalecimento da economia brasileira no final da década de 90.

O tema privatizações iniciou o programa, referindo-se as ações de seu governo (1994-2002), sofredoras de críticas por parte de intelectuais e políticos opositores nos últimos anos. Segundo o ex-presidente elas teriam começado no mandato anterior, após decisão do Congresso Nacional, com o propósito de conter a dívida do país. Em seguida enfatizou como sua iniciativa a regulamentação dos principais setores da economia, promovendo a eficiência nessas áreas através das quebras de monopólio e maior liberdade de mercado, considerando um bom negócio para o governo.

Em seguida foi abordada a implantação do sistema monetário nacional, iniciada enquanto ocupava a posição de Ministro da Fazenda, onde discorreu sobre a insegurança que pairava sobre os bastidores da política em relação à troca de moeda, considerando a grande inflação que corria o Cruzeiro. Aproveitou o assunto para desmentir rumores sobre a desunião entre seus partidários naquele período e explicou sobre o PAI (Programa de Ação Imediata), ponta pé inicial da mudança econômica.


Ao ser indagado sobre as políticas sociais e econômicas no governo do petista Luis Inácio Lula da Silva (2002-2010), buscou através de críticas moderadas, demonstrar a sua influência no sucesso do governo vigente, como decorrente das bases herdadas de sua gestão. Relembrando que muitas das instituições e políticas fiscais foram ampliadas e enfatizando as pioneiras ações sociais nos diversos setores, como o SUS (Sistema Único de Saúde) e as “bolsas” aos cidadãos de baixa renda.

Destacou os problemas enfrentados em seu governo, como a crise nos Tigres Asiáticos. Sempre com um toque neoliberal, se eximiu de questionamentos polêmicos e creditou a sua experiência como chefe de estado, a credibilidade para analisar o cenário político vigente naquele ano. Diagnosticou a política internacional e a crise econômica (2007-?), propondo um novo pacto mundial e mudanças nas ações do Banco Mundial, que segundo ele estaria nas mãos do governo norte-americano.

Questionado sobre governabilidade no país, afirmou que a preponderância de setores atrasados no controle dos bastidores políticos dentro das coligações como um fator crucial no atraso econômico brasileiro. Também procurou demonstrar as semelhanças entre seu partido e o PT, sendo que as críticas existentes seriam motivadas pela busca de poder e não pelas mudanças nas diretrizes político-econômicas nacionais.


Ao final do programa defendeu a diminuição do número de deputados e em tom firme apoiou a mudança do sistema político, pois segundo ele os atuais parlamentares dificultam as políticas fiscais propostas pelos governos, atrapalhando o desenvolvimento. Desmentiu rumores que seria contra plenárias para a presidência da república nos principais partidos e em tom alegre, despediu-se.

DEMI GETSCHKO (2009)             

Em mais um debate atual e perspicaz, o Roda Viva trouxe em abril de 2009, o diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), Demi Getschko, considerado um dos "pais" da Internet no Brasil.

A entrevista começou com os problemas de ordens técnicas da Internet brasileira, como as falhas no sistema que é atacado por hackers. Sem contar as falhas de conexão que cai devido à ligação via cabo, um tanto precária no Brasil.

A inclusão digital, tema recorrente quando se fala em Internet, não deixou de ser discutida. Segundo Getschko, se compararmos hoje a 15 anos atrás, evoluímos, porém não avançamos muito. Uma boa solução seria a intensificação de políticas públicas, porém, o Brasil é um país de grande extensão territorial, dificultando o alcance em todas as áreas.

Geradora de polêmica, a Banda larga (a capacidade de transmissão para a conexão), foi amplamente discutida, visto que é uma das mais caras e piores do mundo. Para Demi Getschko o problema é estrutural, ou seja, o meio pelo qual ela é transmitida (fibra óptica, capilares de cobre, tv a cabo) que dificulta seu melhor aproveitamento.

Quanto à liberdade de expressão na rede, o entrevistado afirmou que devemos ter cuidado, pois na Internet pode haver distorções. Um jeito de restringir problemas de fraudes é investir em protocolos específicos, no caso de bancos e empresas, protegendo a rede.

Também afirmou que acha errado punir a rede e não o autor de um crime de Internet, pois acaba punindo todos que a usam.


Não se pode esquecer a participação do cartunista, que sempre faz uma crítica do entrevistado. A mais interessante foi a dos termos que Getschko usa: em inglês e muito técnicos.

Talvez, um dos temas explanados mais interessantes foi à baixa demanda dos jornais impressos, consequência da alta audiência na Internet. Mas, na opinião de Demi, o jornalismo de qualidade sobreviverá.

Demi Getschko gostaria que futuramente houvesse uma colaboração internacional para combater os crimes na Internet, para discutir os aspectos dela, a liberdade e expressão, a inclusão digital e a Internet “neutra”, a qual os provedores podem privilegiar outros meios.

Para finalizar, Demi afirma que os brasileiros são mais expostos nas redes sociais do que outras nacionalidades. Isso, segundo ele se deve por causa de uma ingenuidade do brasileiro. 

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